Desafiantes competem com guias na categoria de duplas. Genival Ribeiro fez rapel na Ponte JK
Maria Eduarda Cardim - Especial para o Correio
postado em 12/06/2017 15:33 / atualizado em 12/06/2017 16:06
Os deficientes visuais puderam participar da competição que agregava trilha, mountain bike e canoagem
O último domingo (11/6) reuniu em Brasília participantes da segunda edição da corrida da aventura Caixa Brasília Outdoor Adventure. A competição, que agregava trilha, mountain bike e canoagem, podia ser disputada individualmente e até por equipes formadas por quartetos. Porém, foi na categoria de duplas que os deficientes visuais puderam competir e se destacar junto dos guias.
Nesta edição, Genival Ribeiro, 49 anos, participou da sua segunda prova de corrida de aventura ao lado da parceira Kika Pereira, 40. Juntos, eles conquistaram o oitavo lugar entre as 18 duplas inscritas e fizeram o melhor tempo entre os deficientes visuais que participaram da prova. “Fizemos a prova de 20km em 3 horas e 50 minutos”, conta, orgulhosa.
A ideia de participar da prova veio de Kika. Ela procurava um deficiente visual para formar uma dupla na competição. “É difícil achar alguém que tenha disposição e vontade de participar desse tipo de prova”, explica. A produtora conta que vários pontos tem que ser levado em consideração na escolha do parceiro para a prova. Até a altura pode influenciar. Então, conheceu Genival no projeto “DV na Trilha” e ele aceitou o desafio.
Kika e Genival conquistaram o oitavo lugar geral
O bom desempenho foi uma surpresa, pois eles se conheceram há apenas dois meses e tiveram pouco tempo de treino. Para Kika, o preparo físico e a confiança de Genival foram pontos importantes na prova. “Dava tranquilidade ver que eu estava com uma pessoa bem preparada. Às vezes esqueço que ele é deficiente de tão autônomo que ele é”, observa. Genival foi o único deficiente da prova que escolheu fazer o rapel na Ponte JK.
Genival perdeu a visão durante um assalto sofrido aos 22 anos e desde então se apega ao esporte para superar as dificuldades. Todo os dias, ele corre 10km antes de ir trabalhar e sempre tem novos desafios em mente. “É muito bom participar de competições. Dentro delas, esqueço por um momento que eu sou cego”, analisa. O próximo desafio dele é participar da corrida de rua São Silvestre este ano.